Esta visão foi dada logo depois do grande desapontamento de
1.844, e foi pela primeira vez publicada em 1.846. Apenas poucos dos eventos do
futuros foram vistos nessa ocasião. Visões posteriores foram mais completas.
Sendo que Deus me tem mostrado as jornadas do povo do
advento para a Santa Cidade e a rica recompensa a ser dada aos que aguardarem o
seu Senhor quando voltar de Suas bodas, pode ser de meu dever dar-vos um breve
esboço do que Deus me tem revelado. Os queridos santos têm de passar através de
muitas provas. Mas a nossa leve e momentânea tribulação produz para nós eterno
peso de glória, acima de toda comparação – enquanto não olhamos para as coisas
visíveis, pois as coisas visíveis são temporárias, mas as invisíveis são
eternas. Tenho procurado apresentar um bom relatório e algumas uvas da Canaã
Celestial, pelo qual muitos me apedrejariam, da mesma forma como a congregação
desejou apedrejar Calebe de Josué por seu relatório. (Núm. 14:10). Mas eu vos
declaro, meus irmãos e irmãs no Senhor, que esta é uma terra muito boa, e
devemos subir para possuí-la.
Estava em Portland, em visita à Sra. Haines, irmã em Cristo,
cujo coração estava enlaçado ao meu. Cinco de nós, todas mulheres, estávamos
ajoelhadas silenciosamente no culto da família. Enquanto estávamos orando, o
poder de Deus me sobreveio como nunca o havia sentido antes.
O Espírito Santo me sobreveio, e parecia estar cercada de
luz, e pareceu-me estar subindo mais e mais alto da escura Terra. Voltei-me
para ver o povo do advento no mundo, mas não o pude achar, quando uma voz me
disse: “Olha novamente, e olha um pouco mais para cima.” Com isto olhei mais
para o alto e vi um caminho reto e estreito, levantado em lugar elevado do
mundo. O povo do advento estava nesse caminho, a viajar para a cidade que se
achava na sua extremidade mais afastada. Tinham uma luz brilhante colocada por
trás deles no começo do caminho, a qual um anjo me disse ser o “clamor da
meia-noite” Mat. 25:6. Essa luz brilhava em toda extensão do caminho, e
proporcionava claridade para seus pés, para que assim não tropeçassem. Se
conservavam o olhar fixo em Jesus, que Se achava precisamente diante deles,
guiando-os para a cidade, estavam seguros. Mas logo alguns ficaram cansados, e
disseram que a cidade estava muito longe e esperavam nela Ter entrado antes.
Então Jesus os animava, levantando Seu glorioso braço direito, e de Seu braço
saía uma luz que incidia sobre o povo do advento, e eles clamavam: “Aleluia!”
Outros temerariamente negavam a existência da luz atrás deles e diziam que não
fora Deus quem os guiara tão longe. A luz atrás deles desaparecia,
deixando-lhes os pés em densas trevas; de modo que tropeçavam e, perdendo de
vista o sinal e a Jesus, caíam do caminho para baixo, no mundo tenebroso e
ímpio.
Os 144.00 estavam todos sendo selados e perfeitamente
unidos. Em sua testa estava escrito: “Deus, Nova Jerusalém”, e tinham uma
estrela gloriosa que continha o novo nome de Jesus. Por causa de nosso estado
feliz e santo, os ímpios enraiveceram-se e arremeteram violentamente para
alcançar mão de nós, a fim de lançar-nos à prisão, quando estendemos a mão em
nome do Senhor e eles caíram inermes ao chão. Foi então que a sinagoga de
Satanás conheceu que Deus nos havia amado a nós, que lavávamos os pés uns aos outros e saudávamos os irmão com
ósculo santo; e adoraram a nossos pés.
Logo nossos olhares foram dirigidos ao oriente, pois
aparecera uma nuvenzinha aproximadamente do
tamanho da metade da mão de homem, a qual todos nós soubemos ser o sinal
do Filho do homem. Todos nós em silêncio solene olhávamos a nuvem que se
aproximava e se tornava mais e mais clara e esplendente, até converter-se numa
grande nuvem branca. A parte inferior tinha aparência de fogo; o arco-íris
estava sobre a nuvem, enquanto em redor dela se achavam dez milhares de anjos,
entoando um cântico agradabilíssimo; e sobre ela estava sentado o Filho do
homem. Os cabelos, brancos e anelados, caíam-Lhe sobre os ombros; e sobre a
cabeça tinha muitas coroas. Os pés tinham a aparência de fogo; em Sua destra
trazia uma foice aguda e na mão esquerda, uma trombeta de prata.
Seus olhos eram como chamas de fogo, que profundamente
penetravam Seus filhos. Todos os rostos empalideceram; e o daqueles a quem Deus
havia rejeitado se tornaram negros. Todos nós exclamamos então: “Quem poderá
estar em pé? Estão as minhas vestes sem mancha?” Então os anjos cessaram de
cantar, e houve algum tempo de terrível silêncio, quando Jesus falou: “Aqueles
que têm mãos limpas e coração puro serão capazes de estar em pé; Minha graça
vos basta.” Com isto nos iluminou o rosto e encheu de alegria o coração. E os
anjos tocaram mais fortemente e tornaram a cantar, enquanto a nuvem mais se
aproximava da Terra.
Então a trombeta de prata de Jesus soou, ao descer Ele sobre
a nuvem, envolto em labaredas de fogo. Olhou para as sepulturas dos santos que
dormiam, ergueu então os olhos e mão ao céu, e exclamou: “Despertai! despertai!
Despertai, vós que dormis no pó, e levantai-vos!” Houve um forte terremoto. As
sepulturas se abriram, e os mortos saíram revestidos de imortalidade. Os 144.00
clamaram “Aleluia!”, quando reconheceram os amigos que deles tinham sido
separados pela morte, e no mesmo instante fomos transformados e arrebatados
juntamente com eles para encontrar o Senhor nos ares.
Todos nós entramos na nuvem, e estivemos sete dias
ascendendo para o mar de vidro, aonde Jesus trouxe as coroas, e com Sua própria
destra as colocou sobre nossa cabeça. Deu-nos harpas de ouro e palmas de
vitória. Ali, sobre o mar de vidro, os 144.000 ficaram em quadrado perfeito.
Alguns deles tinham coroas muito brilhantes; outros não tanto. Algumas coroas
pareciam repletas de estrelas, ao passo que outras tinham poucas. Todos estavam
perfeitamente satisfeitos com sua coroa. E todos estavam vestidos com um
glorioso manto branco, dos ombros aos pés. Havia anjos de todos os lados em
redor de nós quando caminhávamos sobre o mar de vidro em direção à porta da
cidade. Jesus levantou o potente e glorioso braço, segurou o portal de pérolas,
fê-lo girar sobre seis luzentes gonzos, e nos disse: “Lavastes vossas vestes em
Meu sangue, permanecestes firmes pela Minha verdade; entrai.” Todos entramos e
sentíamos Ter perfeito direito à cidade.
Ali vimos a árvore da vida e o trono de Deus. Do trono
provinha um rio puro de água, e de cada lado do rio estava a árvore da vida. De
um lado do rio havia um tronco da árvore, e do outro lado outro, ambos de ouro
puro e transparente. A principio pensei que via duas árvores. Olhei outra vez e
vi que elas se uniam em cima numa só árvore. Assim estava a árvore da vida em
ambos os lados do rio da vida. Seus ramos curvavam-se até o lugar em que nos
achávamos, e seu fruto era esplêndido; tinha o aspecto de ouro, de mistura com
prata.
Todos nós fomos debaixo da árvore, e sentamo-nos para
contemplar o encanto daquele lugar, quando os irmãos Fitch e Stockman, que
tinham pregado o evangelho do reino, e a quem Deus depusera na sepultura para
os salvar, se achegaram a nós e nos perguntaram o que acontecera enquanto eles
haviam dormido. Tentamos lembrar nossas maiores provações, mas pareciam tão
pequenas em comparação com o peso eterno de glória mui excelente que nos
rodeava, que nada pudemos dizer-lhes, e todos exclamamos – “Aleluia! É muito
fácil alcançar o Céu!”- e tangemos nossas gloriosas harpas e fizemos com que as
arcadas do Céu reboassem.
Com Jesus à nossa frente, descemos todos da cidade para a
Terra, sobre uma grande e íngreme montanha que, incapaz de suportar a Jesus
sobre si, partiu-se em duas, formando uma grande planície. Olhamos então para
cima e vimos a grande cidade, com doze fundamentos, e doze portas, três de cada
lado, e um anjo em cada porta. Todos exclamamos: “A cidade, a grande cidade,
vem, vem de Deus descendo do Céu”; e ela veio e se pôs no lugar em que nos
achávamos. Pusemos então a observar as coisas gloriosas fora da cidade. Vi ali
casas belíssimas, que tinham a aparência de prata, apoiadas por quatro colunas
marchetadas de pérolas preciosas, muito agradáveis à vista. Destinavam-se à
habitação dos santos. Em cada uma havia uma prateleira de ouro. Vi muitos dos
santos entrarem nas casas, tirarem sua coroa resplandecente, e pô-la na
prateleira, saindo então para o campo ao lado das casas, para lidar com a
terra; não como temos de fazer aqui, não, absolutamente. Uma gloriosa luz
resplandecia em redor da cabeça, e estavam continuamente louvando a Deus.
Vi outro campo repleto de todas as espécies de flores; e,
quando as apanhei, exclamei: “Elas nunca murcharão.” Em seguida vi um campo de
relva alta, cujo belíssimo aspecto causava admiração; era uma vegetação viva, e
tinha reflexos de prata e ouro quando magnificamente se agitava para glória do
Rei Jesus. Entramos, então, num campo cheio de todas as espécies de animais: o
leão, o cordeiro, o leopardo, e lobo, todos juntos em perfeita união. Passamos
pelo meio deles, e pacificamente nos acompanharam. Dali entramos num bosque, não
como os escuros bosques aqui temos, não, absolutamente, mas claro e por toda
parte glorioso; os ramos das árvores agitavam-se de um para outro lado, e todos
exclamamos: “Moraremos com segurança na solidão, e dormiremos nos bosques.”
Atravessamos os bosques, pois estávamos a caminho do Monte Sião. No trajeto
encontramos uma multidão que também contemplava as belezas do lugar. Notei a
cor vermelha na borda de suas vestes, o brilho das coroas e a alvura puríssima
dos vestidos. Quando os saudamos, perguntei a Jesus quem eram eles. Disse que
eram mártires que por Ele haviam sidos mortos. Com eles estavam uma inumerável
multidão de crianças que tinham também uma orla vermelha em suas vestes. O
Monte Sião estava exatamente diante de nós, e sobre o monte um belo templo, em
cujo redor havia sete outras montanhas, sobre as quais cresciam rosas e lírios.
E vi as crianças subirem, ou, se o preferiam, fazer uso de suas pequenas asas e
voar ao cimo das montanhas e apanhar flores que nunca murcharão. Para embelezar
o lugar, havia em redor do templo todas as espécies de árvores; o buxo, o
pinheiro, o cipreste, a oliveira, a murta, a romãzeira e a figueira, curvada ao
peso de seus figos maduros, embelezavam aquele local. E quando estávamos para
entrar no santo templo, Jesus levantou Sua bela voz e disse: “Somente os 144.00
entraram nesse lugar”, e nós exclamamos: “Aleluia!”
Esse templo era apoiado por sete colunas, todas de ouro
transparente, engastadas de pérolas belíssimas. As maravilhosas coisas que ali
vi, não as posso descrever. Oh! se me fosse dado falar a língua de Canaã,
poderia então contar um pouco das glórias do mundo melhor. Vi lá mesas de
pedra, em que estavam gravados com letras de ouro os nomes dos 144.000. Depois
de contemplar a beleza do templo, saímos, e Jesus nos deixou e foi à cidade.
Logo Lhe ouvimos de novo a delicada voz, dizendo: “Vinde, povo Meu; viestes da
grande tribulação, e fizestes Minha vontade; sofrestes por Mim; vinde à ceia,
pois Eu Me cingirei e nos servirei.” Nós exclamamos: “Aleluia! Glória!” e
entramos na cidade. E vi uma mesa de pura prata: tinha muitos quilômetros de
comprimento, contudo nossos olhares podiam alcançá-la toda. Vi o fruto da
árvore da vida, o maná, amêndoas, figos, romãs, uvas e muitas outras espécies
de frutas. Pedi a Jesus que me deixasse comer o fruto. Disse Ele: “Agora não.
Os que comem do fruto deste lugar, não mais voltam à Terra. Mas, dentro em
pouco, se fores fiel, não somente comerás do fruto da árvore da vida mas
beberás também da água da fonte.” E disse: “Deves novamente voltar à Terra, e
relatar a outros o que te revelei.” Então um anjo me trouxe mansamente a este
mundo escuro. Algumas vezes penso que não mais posso permanecer aqui, a
tristeza envolvia tudo que eu contemplava. todas as coisas da Terra parecem demasiado
áridas. Sinto-me muito solitária aqui, pois vi uma Terra melhor. Oh! tivesse eu
asas como a pomba, e voaria e estaria em descanso!
Oh! quão tenebroso me parecia este mundo! Chorei quando me
achei aqui, e senti saudades. Eu vira um mundo melhor, que depreciara este para
mim.
Relatei esta visão aos crentes em Portland, que creram
plenamente provir de Deus. Todos achavam que Deus escolhera esse meio, depois
do grande desapontamento de outubro, para consolar e fortalecer o Seu povo. O
Espírito do Senhor acompanhava o testemunho e éramos impressionados com a
transcendência da eternidade. Enchia-me um temor indizível de que, tão jovem e
fraca, houvesse sido escolhida como instrumento pelo qual Deus outorgaria luz a
Seu povo. Enquanto me achava sob o poder do Senhor, eu estava cheia de alegria,
parecendo estar rodeada de santos anjos nas cortes gloriosas do Céu, onde tudo
é paz e contentamento. Triste e amarga mudança foi o despertar-me para as
realidades da vida mortal.
Primeiros Escritos páginas 13 à 20
Fonte: grupoadventury
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