Uma das marcas que caracterizam a Igreja Adventista do
Sétimo Dia é sua permanente defesa da liberdade religiosa e de expressão.
Levantamos essa bandeira não apenas pensando em defender nossos direitos de
crer, pregar e viver nossa fé, mas porque entendemos que toda crença religiosa
merece respeito e liberdade. Cada ser humano precisa ter o direito de se
expressar, de ouvir diferentes pontos de vista sobre quaisquer temas, incluindo
religiosos, e então tomar suas próprias decisões.
Mantemos viva essa visão porque ela é a própria expressão da
vontade de Deus. Ele a confirmou ao dar ao ser humano a liberdade de escolher
entre o bem e o mal. Tem sido assim desde o Éden. Deus respeita as decisões e
expressões humanas, mesmo que imperfeitas ou manchadas pelo pecado. Se essa é a
atitude de Deus, não deveria ser também a nossa?
Com frequência, essa atitude tem um preço muito alto. Muitas
vezes, sofremos oposição de outros movimentos religiosos que creem
diferentemente de nós. Mas essa é a natureza da liberdade de expressão. Mesmo
que nos sintamos desconfortáveis, nós os respeitamos e entendemos que eles têm
o direito de pensar de outro modo. Em outras situações, nos tornamos alvo do
preconceito de meios de comunicação que não entendem nossa mensagem ou estilo
de vida. É o preço da liberdade. Mas ele se torna administrável quando usado
com respeito.
Em situações mais extremas, muitos de nossos membros sofrem
penalidades, como a perda do emprego ou danos escolares e acadêmicos, por sua
fidelidade ao sábado. Em tais circunstâncias, sempre lutamos por liberdade para
exercer nossa fé sem tirar a liberdade dos outros nem obrigá-los a pensar como
nós. Desse modo, demonstramos respeito pela diversidade, ao mesmo tempo em que
destacamos a luta pela liberdade.
Temos posições teológicas diferentes das de outras
denominações e nunca usamos nenhum meio que obrigue as pessoas a crer em nós ou
mesmo a nos aceitar. Pregamos o evangelho bíblico, levando as pessoas à Bíblia
e convidando-as a seguir as orientações sagradas juntamente conosco, por meio
do batismo. Aceitamos tanto decisões positivas quanto negativas e nunca
deixamos de nos relacionar com as pessoas e orar por elas, mesmo que não
decidam se unir a nós. Aliás, os números indicam que, em média, de cada cinco
pessoas que estudam a Bíblia conosco, apenas uma é batizada. Isso significa
respeito pela opinião pessoal e liberdade de escolha.
Um dos exemplos mais claros e atuais pode ser visto no
projeto de lei 122/2006, que tramita no Senado brasileiro, o qual trata da
atitude dos cidadãos em relação ao homossexualismo. Segundo o projeto, qualquer
expressão contrária ao tema ou mesmo a não aceitação de tal prática passa a ser
vista como “homofobia”, um ato criminoso. Em outras palavras, o projeto obriga
a sociedade a apoiar ou se calar diante do homossexualismo.
Temos uma visão bíblica muito clara sobre o assunto, e nossa
igreja não pode abrir mão dela (Gn 1:27; 2:24; Lv 20:7-21; Rm 1:24-27; 1Co
6:9-11). Respeitamos qualquer pessoa, bem como qualquer decisão que ela venha a
tomar. Afinal, todos são livres para agir assim diante de Deus e das leis do
país, desde que essas leis não imponham sobre outros a mesma visão. Precisamos
reforçar os conceitos de respeito e liberdade, pois eles são atributos
fundamentais de Deus, manifestados por Cristo e demonstrados na cruz.
Se alguém se considera homossexual, por decisão pessoal, ou
mesmo que justifique sua condição dizendo ter nascido assim ou ser fruto da
influência familiar, precisamos respeitá-lo. Se a decisão é consciente ou
consequente, precisamos tratar essa pessoa com respeito, mesmo que biblicamente
não possamos concordar com ela. Discordar não significa desrespeitar.
Discordamos da situação ou da ação, mas respeitamos a pessoa envolvida. Essa é
a postura correta para um cristão, a qual é compatível com o caráter de Deus.
Respeitar o ser humano não significa apoiar qualquer
decisão, ato ou orientação sexual que esteja em desarmonia com a criação, a
família e as orientações de Deus. Precisamos preservar nossa mensagem, nossa
igreja e nossos membros. Também nos cumpre preservar nossas escolas, colégios
de internato e universidades como um lugar adequado para as pessoas que optaram
por viver de acordo com a orientação bíblica. Buscamos respeito e liberdade
para expressar com equilíbrio e amor a vontade de Deus em relação a todos os
temas, incluindo o homossexualismo. Precisamos de respeito e liberdade para
seguir a orientação bíblica quanto àqueles que serão membros de nossas igrejas.
Afinal, a igreja é um ambiente voluntário no qual se reúnem pessoas que têm a
mesma crença. Queremos ser respeitados e ter a liberdade de contratar
servidores que creiam e vivam como nós.
Liberdade e respeito são uma via de mão dupla. Por isso, ao
buscarmos liberdade nos comprometemos a usá-la sempre com respeito a qualquer
crença, pessoa ou opção. Mas não podemos aceitar nenhum tipo de imposição que
venha a calar a Palavra de Deus ou os que a pregam e seguem. Por isso,
cumpre-nos ser claros ao nos posicionarmos contra atitudes que privem a
liberdade de consciência e expressão em termos religiosos ou que tenham efeito
sobre a fé. Não vamos promover movimentos públicos para isso, mas, sempre que
for possível, devemos destacar nossa posição.
A verdadeira liberdade é a que preserva conceitos, crenças e
fé, mas ao mesmo tempo defende o respeito à vida, à integridade e à opinião.
Por isso, diante dos fatos debatidos ultimamente em todo o Brasil, como eco das
discussões abertas pelo Senado Federal, defendamos o respeito e a liberdade,
sendo contrários à imposição de conceitos e opções pessoais ou sexuais sobre
todo o país. Por outro lado, oremos para que esse debate aprofunde o
conhecimento e a fé dos nossos membros, além de chamar a atenção de pessoas
sinceras para a verdade. Afinal, “toda polêmica, toda crítica, todo esforço
para restringir a liberdade de consciência é um instrumento de Deus para
despertar as mentes que, do contrário, ficariam sonolentas” (Ellen G. White, O
Maior Discurso de Cristo, p. 33).
Erton Köhler é presidente da Divisão Sul-Americana da Igreja
Adventista do Sétimo Dia
HOMOSSEXUALIDADE
A Igreja Adventista reconhece que cada ser humano é precioso
à vista de Deus. Por isso, buscamos ministrar a todos os homens e mulheres no
espírito de Jesus. Cremos também que, pela graça de Deus e com o apoio da
comunidade da fé, uma pessoa pode viver em harmonia com os princípios da
Palavra de Deus.
Os adventistas creem que a intimidade sexual é apropriada
unicamente no relacionamento conjugal entre homem e mulher. Esse foi o desígnio
estabelecido por Deus na criação. As Escrituras declaram: “Por isso, deixa o
homem pai e mãe e se une à sua mulher, tornando-se os dois uma só carne” (Gn
2:24). Esse padrão heterossexual é confirmado em todas as Escrituras. A Bíblia
não faz ajustes para incluir atividades ou relacionamentos homossexuais. Os
atos sexuais praticados fora do círculo do casamento heterossexual estão proibidos
(Lv 20:7-21; Rm 1:24-27; 1Co 6:9-11). Jesus Cristo reafirmou o propósito da
criação divina quando disse: “Não tendes lido que o Criador, desde o princípio,
os fez homem e mulher e que disse: Por esta causa deixará o homem pai e mãe e
se unirá a sua mulher, tornando-se os dois uma só carne? [...] Portanto, o que
Deus ajuntou não o separe o homem” (Mt 19:4-6). Por esse motivo, os adventistas
opõem-se às práticas e relacionamentos homossexuais.
Os adventistas empenham-se por seguir a instrução e o
exemplo de Jesus. Ele afirmou a dignidade de todos os seres humanos e estendeu
a mão compassivamente a todas as pessoas e famílias que sofriam a consequência
do pecado. Desenvolveu um ministério solícito e proferiu palavras de conforto
às pessoas que enfrentavam dificuldades. Mas fez distinção entre Seu amor pelos
pecadores e Seus claros ensinos sobre as práticas pecaminosas. – Declarações da
Igreja (Casa Publicadora Brasileira: Tatuí, SP, 2003), p. 51.
Essa declaração foi votada em 3 de outubro de 1999, durante
o Concílio Anual da Comissão Executiva da Associação Geral realizado em Silver
Spring, Maryland.
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