Há um frenesi incontrolável nas redes sociais, na imprensa, nas rodinhas de conversas – em quase todos os lugares – sobre os recentes movimentos reivindicatórios que acontecem nas principais cidades do Brasil. A nação verde-amarela, deitada em berço esplêndido, parece que “acordou” e cria-se a expectativa de uma nova era para os brasileiros. O desejo por um país melhor também aguçou os crentes, envolvidos em debates acalorados e, naturalmente, divididos. Uns a favor, outros terminantemente contrários à participação dos mesmos nessas manifestações públicas.
Já vi esse filme na década de 1980, no “Diretas Já” e, depois, nos anos 90, com os “caras-pintadas”, que resultou no impeachment de Fernando Collor. Aliás, o “filme” é bem mais velho. Corrupção, exploração e insatisfação com governantes, vêm de longe. Miquéias, por exemplo, viveu uns 700 anos antes de Cristo e já manifestava-se contundentemente sobre o desaparecimento da piedade e a opressão aos pobres. “Os piedosos desapareceram do país; não há um justo sequer” (Mq 7:2).
Habacuque, 600 anos antes de Cristo, pinta um quadro idêntico aos dos jornais de hoje e dos principais portais de notícias na internet. Corajoso, questionou o próprio Deus: “Até quando, SENHOR, clamarei eu, e Tu não me escutarás? Gritar-te-ei: Violência! E não salvarás? … Pois a destruição e a violência estão diante de mim; há contendas, e o litígio se suscita. Por esta causa, a lei se afrouxa, e a justiça nunca se manifesta, porque o perverso cerca o justo, a justiça é torcida” (1:1-4).