
Mesmo refletindo componentes das várias culturas daquela época, a própria Bíblia reivindica para si a prerrogativa de ser a revelação divina para os seres humanos de todas as épocas e lugares. Centenas de vezes aparecem, ao longo do texto bíblico, expressões como “assim diz o Senhor”, “palavra do Senhor” e outras similares, para confirmar que o conteúdo transmitido pelo profeta era resultante de uma comunicação proposicional da parte de Deus (ver Hb 1:1 e 2). Em I Pedro 1:20 e 21 é dito que “nenhuma profecia da Escritura provém de particular elucidação; porque nunca jamais qualquer profecia foi dada por vontade humana; entretanto, homens [santos] falaram da parte de Deus, movidos pelo Espírito Santo”.
Que o conteúdo das Escrituras não era normativo apenas para a cultura daquela época é evidente na própria comissão deixada por Cristo: “Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações…; ensinando-os a guardar todas as coisas que vos tenho ordenado. E eis que estou convosco todos os dias até à consumação do século” (Mt 28:19-20). Cristo não teria comissionado os Seus seguidores a ensinar a “todas as nações” se tais ensinos não fossem normativos para todas essas nações!
Com base no que a Bíblia diz a respeito de si mesma, somos levados a crer que ela não é um simples produto da cultura religiosa ou filosófica daquela época. Ela é, em realidade, a revelação proposicional e normativa de Deus, em linguagem humana, a todos os seres humanos de todos os tempos e lugares. Mas essa pressuposição básica não nos deve impedir de fazermos uma cuidadosa distinção entre os princípios universais e as aplicações temporais desses princípios encontrados no conteúdo das Escrituras.
Texto de autoria do Dr. Alberto Timm, publicado na Revista Sinais dos Tempos, fevereiro de 1999, p. 29.
Fonte: Sétimo Dia